Um dia alguém me disse: "Não dá pra ser 100% com tudo...". Aí eu fiquei viajando nas ideias e me veio essa história:
Os discípulos chegaram para o seu mestre e lhe perguntaram se era possível alcançar a perfeição, pois não conseguiam chegar num nível disciplinar capaz de garantir a sabedoria plena. O mestre, então, lhes pediu que, com um lápis e papel, fizessem vários círculos até conseguirem o traçado perfeito. Deu-lhes o prazo de um mês.
Empenhados, os discípulos gastaram folhas e mais folhas desenhando círculos dos mais variados tamanhos, desenvolveram estratégias, fórmulas, gastaram horas e horas empenhados na tarefa, mas nada de conseguirem o traçado perfeito.
Findo o prazo, os discípulos foram até o mestre e lhe mostraram os círculos, todos imperfeitos. Desapontados, lhe pediram que lhes dessem mais um mês, o que foi concedido.
Passado o mês solicitado, após terem se empenhado ainda mais, não conseguiram atingir o objetivo. Os discípulos estavam extremamente decepcionados, pois estavam certos do fracasso, já que não conseguiram fazer o que o mestre lhes pedira. Mesmo assim, levaram suas tentativas a ele. Cada um lhe entregou centenas de folhas contendo círculos desenhados à mão livre.
O mestre analisou o trabalho realizado pelos seus discípulos e, com brilho nos olhos, sorriu.
Os discípulos estranharam a reação do mestre, pois esperavam por sua reprovação, não por um olhar de satisfação. Então lhe perguntaram:
- Mestre, porque te contentas com nosso imperfeito trabalho? Acaso não merecemos sua reprovação?
Ele se levantou, foi até os seus pupilos e lhes disse:
- Olhem atentamente para o trabalho que fizeram. Todos os círculos estão imperfeitos, mas são todos círculos, nenhum deles está desenhado pela metade. Há empenho em todos eles.
Os discípulos compreenderam o ensinamento e se retiraram com sentimento de dever cumprido.
Não há perfeição ou imperfeição, mas empenho ou falta dele, luta ou fuga, esforço ou preguiça.
fim